Debouro

Situado em pleno centro histórico de Braga, o Restaurante De Bouro tem no seu nome e espaço uma origem com quase 200 anos de história.

O Mosteiro de Santa Maria de Bouro da Ordem Cisterciense Congregação de S. Bernardo, localizado na freguesia do mesmo nome e no atual Concelho de Amares, foi, sem dúvida, e até meados do século XIX, um dos mais importantes cenóbios situados na zona de entre Douro e Minho, pela grossura das rendas arrecadadas, pelo extenso património temporal que dispunha e pelo fascínio espiritual e cultural que irradiava.

A Ordem em Braga era possuidora de dois casais e de duas casas, sendo uma delas situada na atual Rua de Santo António das Travessas, tal como se pode constatar pelo contrato de emprazamento, feito em 16 de junho de 1822, não restando dúvidas que esta é a mesma que ainda hoje se mantém no local. Também o facto de ter aparecido neste mesmo espaço uma pedra com a inscrição De Bouro, contribui para esta convicção. De resto, se dúvidas houvesse a este respeito, bastaria consultar o Livro de Mapas das Ruas da Cidade de Braga, de 1750 (feito pelo Padre Ricardo da Rocha e publicado pelo Arquivo Distrital de Braga, em 1989, 2º Vol. P.89, Rua 19) para verificar-se a existência de uma casa pertencente ao Mosteiro de Bouro na já citada rua.

Sabe-se que esta moradia servia de local de recolhimento e de abrigo aos religiosos quando tinham de se deslocar a Braga para a resolução de determinados assuntos, fossem de ordem temporal ou espiritual. Quando tal acontecia, havia ordens expressas para manterem os usos e costumes e a vida modelar que levavam nos conventos e um dos aspetos prendia-se com a boa alimentação dos seus membros e com os cuidados postos no refeitório. São numerosas as prescrições sobre o bem comer e o bem beber. Estas orientações eram respeitadas, por certo, pelos monges brancos que se radicavam, ainda que temporariamente, na Rua de Santo António das Travessas, da cidade de Braga.